quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O que será a realidade?

Existem muitas realidades: a realidade para um físico é diferente, por exemplo, da realidade para um filósofo ou um poeta. Os físicos chamam "realidade" a tudo o que, de uma maneira ou de outra, conseguem observar com os seus instrumentos. Os filósofos e os poetas chamam "realidade" a outros mundos e estão, bem entendido, no seu pleno direito.

Carlos Fiolhais, Universo, Computadores e Tudo o Resto, Lisboa, Gradiva, 1994, pp. 13-14.

10 comentários:

  1. "(...) a única realidade para cada um é a sua própria alma (...)", Livro do Desassossego, Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa)

    Existem então tantas realidades quanto almas/pessoas?

    ResponderEliminar
  2. comento com bastante gosto então aqui vai

    o sr. fiolhais (que reconheço como despretensioso e desligado e portanto não se importará que lhe escreva o nome com minúscula) deveria saber que apenas aos poetas (excluo até os filósofos) é permitido "ver" a realidade. os outros apenas tacteiam às escuras, normalmente procurando satisfazer desejos básicos...

    ResponderEliminar
  3. Não concordo com Nuno Monteiro. Sendo assim, apenas os que se dizem poetas têm acesso à verdade? E nós, os vulgares mortais, vemos o quê? Não me parece que seja bem assim... Então os poetas não têm mundo próprio? Se assim fosse, eles mesmos não punham marcas subjetivas nos seus poemas, que, mesmo quando falam do mesmo assunto, são diferentes de poeta para poeta logo, eles não vêm a verdadeira realidade, vêm a realidade que querem ver.

    ResponderEliminar
  4. "A realidade nem sempre é a mais absoluta das verdades."

    ResponderEliminar
  5. Os outros , não poetas , não apenas tacteiam às escuras. Existem uns que levam consigo uma velinha, outros um candeeiro e ainda outros um mega holofote . Depende de cada um , concordo com o comentário do Ricardo, mais especificamente com Bernardo Soares (semiheterónimo de Pessoa), a realidade depende da alma de cada um. Cada um decide como retalhar a sua realidade. Cada um tem a sua . Atrevo-me portanto a dizer que a realidade é múltipla, mas também una.

    ResponderEliminar
  6. Eu não acho que a realidade seja múltipla; a maneira como cada um a vê é que difere de pessoa para pessoa, o que leva à indução da ideia de múltiplas realidades, que no meu ver é falsa. Por exemplo, perante a mesma realidade, uma pessoa que seja formada em lógica aborda essa mesma realidade de uma forma totalmente diferente de uma pessoa formada em letras. Num inquérito feito pelo meu grupo para o trabalho final de filosofia, pessoa de áreas diferentes perante a mesma pergunta (mesma realidade) deram resposta completamente diferentes. Daí que: uma realidade, observações diferentes.

    ResponderEliminar
  7. Do meu ponto de vista a realidade é aquilo em que acreditamos, mesmo que esta nao seja a verdade última. Isto é, se acreditamos que uma flor é amarela e na realidade ela é azul, a flor ser amarela é uma realidade para nós, uma realidade que foi construída pelas nossas crenças. Desta forma aquilo em que nós acreditamos torna-se a nossa realidade, sendo esta uma realidade pessoal. Pessoas no mesmo contexto podem ter realidades diferentes. Podendo também a realidade estar relacionada com a nossa maneira de olhar o mundo, as nossas mundividências. E esta «maneira de encarar o mundo» resulta das nossas experiências pessoais. A realidades são assim múltiplas e íntímas do sujeito em causa.
    De um ponto de vista científico a realidade pode ser apenas aquilo que é empiricamente observável.

    ResponderEliminar
  8. Nós criamos a nossa própria realidade, quando achamos que isto é possível e aquilo não é, quando achamos incapazes disto ou daquilo ou capazes de alguma proeza e conseguimos agir com confiança. Estamos a reagir àquilo em que acreditamos.

    ResponderEliminar
  9. Tendo em conta a problemática em estudo e após uma apreciação crítica, subscrevo a minha opinião.
    O conceito intrínseco de realidade engloba singularmente uma representação existencialista por parte do sujeito pensante. Torna-se claro que apenas decorrente de uma análise circunstancial se pode definir um padrão realista que albergue as caraterísticas fundamentais e imperativas a uma formulação da verdadeira identidade do mundo que envolve o sujeito.
    Contudo, a estrutura mentalmente formada decorrente dessa análise não é uma criação individual e independente. Cada sujeito apresenta não uma realidade isolada e restrita mas sim uma modificação dos aspetos do meio em que se engloba. Deste modo, a perceção de cada ser pensante abrange as inúmeras formas de modificação do momento que presencia.
    Consequentemente decorrem várias interpretações de um contexto comum a todo o sujeito, sendo que estas despoletarão a integração do apreendido com o ponto de vista caraterístico do âmago de cada pessoa.
    Assim, a realidade é um conceito subjetivo que é consequente da apreensão e realização pessoal do empírico.
    Deste modo, concordo plenamente com a opinião declarada pelo João Roque e pela Joana Trindade.

    ResponderEliminar
  10. Só conheço uma situação em que possa admitir a existência de várias realidades. A nossa política! Os nossos políticos, vivem numa outra realidade que não a do povo português. Para eles, é só cortes, cortes, e ainda... mais cortes (excepto à banca). Não vêm que já passaram o limite à muito tempo. Prendas no Natal?! Só as que o Mago Gaspar vai dar à banca! Já nem para um bolo rei há!

    ResponderEliminar

1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome.
2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas".
Obrigado!
3) São bem-vindas objeções, correções factuais, contra-exemplos e discordâncias.